sábado, 12 de junho de 1999

RAZÕES DO AMOR

Gosto de ti desesperadamente:

dos teus cabelos de tarde onde mergulho o rosto,

dos teus olhos de remanso onde me morro e descanso;

dos teus seios de ambrosias, brancos manjares trementes

com dois vermelhos morangos para as minhas alegrias;

de teu ventre - uma enseada - porto sem cais e sem mar -

branca areia à espera da onda que em vaivém vai se espraiar;

de teu quadris, instrumento de tantas curvas, convexo,

de tuas coxas que lembram as brancas asas do sexo;

- do teu corpo só de alvuras - das infinitas ternuras

de tuas mãos, que são ninhos de aconchegos e carinhos,

mãos angorás, que parecem que só de carícias tecem

esses desejos da gente...

Gosto de ti desesperadamente;

gosto de ti, toda, inteira nua, nua, bela, bela,

dos teus cabelos de tarde aos teus pés de Cinderela,

(há dois pássaros inquietos em teus pequeninos pés)

- gosto de ti, feiticeira,

tal como tu és...


(Poema de JG de Araujo Jorge,
extraído do livro A SÓS... , 1958)

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